Ser um pouco mais velho não significa estar por cima”. No segundo, a ampliação da suposta incapacidade de escolha também aos mais experientes: “Existem adolescentes que não têm responsabilidade para ir às urnas, mas o mesmo pode acontecer com os mais velhos.
O que muda na cabeça de um eleitor de 21 anos depois do primeiro voto? E se esse primeiro voto foi dado aos 16 anos, em 1989, logo na primeira disputa depois da aprovação da lei que tornou possível a ida às urnas de quem tinha essa idade? Dois relatos da mesma pessoa, um lá atrás e outro agora, ajudam a responder às duas perguntas. As declarações são de Jakson Gley Fagundes, escriturário, 16 anos, em 1989, e motoboy, hoje com 37 anos.
Na primeira, o rebate à desconfiança sobre a capacidade de votar na adolescência: “Acho discriminação contra todos os jovens, uma burrice sem tamanho. Os adultos deveriam se preocupar em fazer uma pesquisa séria para saber o que os jovens pensam sobre a situação brasileira para depois fazer o julgamento.
Ser um pouco mais velho não significa estar por cima”. No segundo, a ampliação da suposta incapacidade de escolha também aos mais experientes: “Existem adolescentes que não têm responsabilidade para ir às urnas, mas o mesmo pode acontecer com os mais velhos.
O fato é que os dois casos não são maioria. A maior parte dos jovens e das pessoas mais maduras são inteligentes e têm condições de escolher quem os represente”.
Apesar do up grade na análise de quem vai às urnas, com menos ou mais idade, Jakson mantém posicionamento firme em relação à situação política no Brasil, mesmo depois de um casamento, três filhos e de passar boa parte dos últimos anos fazendo entregas pilotando uma moto no trânsito de Belo Horizonte. “Houve melhora no país com os últimos governos.
Consegui adquirir muitas coisas. Estou sempre trabalhando, apesar de nada ser fácil para ninguém”, diz o motoboy, que aos 16 anos morava com os pais no Bairro Santa Mônica, Norte de Belo Horizonte, e hoje vive com a mulher e os filhos no Jardim Primavera, em Ribeirão das Neves.
Mas, diferentemente de Jakson aos 16, nem todos os adolescentes com a mesma idade acreditam ter bagagem para ficar frente a frente com as urnas. “Não tirei o título porque não tenho maturidade para escolher quem vai governar o estado ou ocupar o parlamento.
Preciso clarear as ideias, amadurecer. Não adianta ter o documento e não saber em quem votar”, argumenta Helena Vasconcellos, estudante do segundo ano do ensino médio.
Também com 16 anos, a estudante Clara Borges decidiu não se registrar como eleitora, mas por outro motivo. “Nenhum político me estimula hoje a votar. Só vou às urnas quando for obrigatório”, declara.
Diferentemente de Clara, Ricardo Vasconcellos, irmão de Helena, não pensou, na hora de decidir se iria ou não pedir o título de eleitor, em quem serão os candidatos. “Vou votar porque existem áreas que precisam melhorar, como educação e transporte”, diz. Cláudio Luiz Aguiar Rocha Faria, 16, também tem posição firme sobre a nova responsabilidade adquirida. “Tirei o título porque votar é ser cidadão. Estou pronto para escolher quem acho que deve ser eleito”, afirma.
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